NÃO FAÇAM ISSO EM CASA

A tática de Lobão para salvar vidas dele e de Cazuza em assalto à mão armada

Músico relembra, entre outros episódios da amizade, como utilizou um raciocínio matemático lógico para convencer assaltantes a não atirar

Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb) com pauta de Igor Miranda

Publicado em 16/06/2025, às 12h06
Lobão e Cazuza - Fotos: reprodução / YouTube
Lobão e Cazuza - Fotos: reprodução / YouTube

Durante um assalto à mão armada, já é difícil manter a calma e não se afobar. Agora, imagina bater um papo e convencer os assaltantes a não sair metendo bala por aí, garantindo a sua integridade física e a de seus amigos.

Como fazer isso? O cantor e compositor Lobão, por exemplo, usou a matemática e a lógica — além de um certo conhecimento sobre armas de fogo.

O músico relembrou, em entrevista à Veja, o episódio em que ele, Cazuza e outros amigos foram feitos reféns em casa. A situação se deu no Rio de Janeiro.

Ainda que tudo tenha dado certo e nenhuma arma de fogo tenha sido disparada no local, Cazuza ficou chateado com uma perda. O carro do saudoso artista, um Escort rosa devidamente segurado, foi levado pelos assaltantes.

Cazuza
Cazuza - Foto: reprodução / YouTube

Lobão contou:

"Fomos feitos reféns na minha casa por bandidos armados. Estava eu, o Cazuza, Neville d’Almeida [cineasta], umas oito pessoas. Entraram dois adolescentes na casa e um deles estava com um [revólver calibre] 38 e eles queriam nos amarrar no banheiro."

Foi então que o músico lançou mão da matemática básica relacionada ao rápido raciocínio que teve só de olhar para a arma.

"Eu olhei para um deles e disse que, no tambor do revólver, só cabem seis balas. Se eles descarregassem a arma toda e conseguissem matar seis, ainda sobrariam três. Aí, eu peguei a chave do Escort cor-de-rosa e entreguei para ele e entreguei também uma guitarra. O Cazuza ficou bravo, mas o carro estava no seguro."

Lobão e Cazuza

O episódio serviu como pano de fundo para a lembrança da amizade de Lobão com Cazuza. O músico se divertiu contando que os dois viraram referência turística no Rio de Janeiro na década de 1980.

"Morri de rir com o Guia Michelin de 1986 que dizia que no Baixo Leblon era possível encontrar vários restaurantes e também tropeçar em personalidades como Cazuza e Lobão. Frequentávamos tanto lá que fomos eleitos como atração turística. Liguei para o Cazuza e disse que a gente estava parecendo o Mickey Mouse e o Pato Donald da Disneyland. Éramos o rodo e o pano de chão."

Desde 2016, quem passeia pelo Leblon, entre cafés, restaurantes e bares, passa por uma escultura de Cazuza. A obra encanta turistas na esquina da Avenida Ataulfo de Paiva com a Rua Dias Ferreira, um local que era bastante frequentado por ele. Certamente, junto com Lobão.

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