INFLUÊNCIA

O guitarrista pouco lembrado que Eddie Vedder faz questão de exaltar

Trabalho mencionado pelo líder do Foo Fighters ajudou artista em questão a se estabelecer como um dos maiores popstars do planeta

Igor Miranda (@igormirandasite)

Publicado em 08/02/2025, às 08h00
Dave Grohl (Foto: John Shearer/Getty Images)
Dave Grohl (Foto: John Shearer/Getty Images)

Seja por seu trabalho no Nirvana, Foo Fighters ou até o breve período no Queens of the Stone Age, Dave Grohl se notabilizou como um músico que toca de forma crua e relativamente agressiva — especialmente bateria. Curiosamente, a inspiração vem de uma fonte inesperada.

Em uma entrevista de 2022 para o canal de YouTube do saudoso David Bowie (via Far Out Magazine), Grohl reafirmou sua admiração pelo cantor e disse que seu álbum preferido dele é, justamente, um de seus mais pop. Não apenas isso: ele foi influenciado a tocar bateria por causa desse disco.

Dave falou:

A maior parte dos puristas do Bowie prefere o começo da carreira, mas o meu álbum preferido dele é Let’s Dance (1983). É uma obra-prima. Como baterista, foi uma das coisas que me inspiraram a tocar bateria. Ele era especial, porque conseguia constantemente mudar de gênero e sonoridade”

Dois músicos são creditados pela bateria de Let’s Dance. Um deles, Omar Hakim, chegou a tocar com o Foo Fighters durante o show em tributo a Taylor Hawkins. Também trabalhou com Weather Report, Chic, Sting, Madonna, Dire Straits, Journey, Kate Bush, Miles Davis, entre vários outros.

Por sua vez, Tony Thompson se notabilizou pelos trabalhos com The Power Station e Chic, além de Diana Ross, Distance, Sister Sledge, Debbie Harry, Mick Jagger e mais. Como curiosidade, acompanhou o Led Zeppelin e Phil Collins na fatídica performance do Live Aid, em 1985.

Não foi a primeira vez que o líder do Foo Fighters citou esse álbum específico como influência. Em uma entrevista de 2020 à rádio ALT 98.7 FM sobre as gravações de Medicine at Midnight (2021) — trabalho com Hakim na percussão de todas as faixas —, Grohl comparou o trabalho ao disco lançado em 1983 pelo camaleão do rock.

Está repleto de hinos de rock para cantar junto e é estranho porque é tipo… é quase um disco dance, de uma maneira esquisita. Não como um disco EDM moderno, certo? Tem um groove, cara. Algumas músicas, para mim, é como [se fosse] nosso Let’s Dance, do David Bowie”.
David Bowie (Foto: Bryan Bedder/Getty Images)

Dave Grohl e o contato com David Bowie

Dave Grohl e David Bowie chegaram a trocar e-mails durante um tempo. Os dois haviam se conhecido na celebração dos 50 anos do cantor em 1997: um evento no Madison Square Garden, em Nova York, no qual tocaram algumas músicas juntos.

Anos depois, Dave estava trabalhando em uma trilha sonora para um filme e teve a ideia de recrutar seu ídolo para participar. Ele fez o convite através do produtor Tony Visconti. A resposta chegou via e-mail.

O líder do Foo Fighters escreveu no Instagram (via site Igor Miranda):

Abri meu e-mail casualmente pela manhã e literalmente me senti ofegante quando vi o nome dele. Ele realmente havia ouvido a música! Porém, além disso, DAVID BOWIE ESCREVE E-MAILS!!! COMO ASSIM??? Com a empolgação de uma criança hiperativa na manhã de Natal, prendia respiração e abri o e-mail apressadamente.”

Infelizmente para Grohl, Bowie recusou o convite, pois o filme em questão não era de um gênero do seu estilo. Entretanto, foi feita a oferta de colaborar em algo, algum dia.

Dave respondeu com um agradecimento por escutar a música e aceitou a proposta de colaborarem. Para surpresa do americano, outra resposta do inglês chegou um minuto depois:

“Bem, temos um acordo. Agora, cai fora”.

Grohl não sabia se Bowie estava brincando ou sendo ranzinza, então arriscou. Ele respondeu:

“Vejo você de novo daqui outros 17 anos.”

A resposta do camaleão do rock chegou dessa vez em segundos. Bowie escreveu:

“Não se eu te vir primeiro.”

O clima ainda parecia tenso aos olhos de Grohl, mas após algumas piadas sobre aquele show no Madison Square Garden e envelhecimento – “Sem mais aniversários. Acabei com isso”, disse Bowie –, ficou claro que a lenda do rock estava apenas brincando. Os dois trocaram despedidas e ficou nisso.

Em 2016, David Bowie morreu aos 69 anos, vítima de câncer. Dois dias antes, ele havia lançado o álbum Blackstar, interpretado quase imediatamente como uma despedida perante à ameaça iminente de morte.

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Colaborou: Pedro Hollanda.