"Desrespeito imprudente"

Jay-Z diz que acusadora de estupro faz declarações 'maliciosas'

Magnata da Roc Nation apresentou uma queixa alterada e também acusou o advogado da mulher, Tony Buzbee, de fazer equipe editar páginas da Wikipédia

Nancy Dillon

Publicado em 07/05/2025, às 10h09
Jay-Z - Foto: John Nacion/Getty Images
Jay-Z - Foto: John Nacion/Getty Images

Jay-Z acrescentou novas acusações ao processo por perseguição maliciosa e difamação que move contra a mulher que o acusou de estupro — identificada como Jane Doe — e seus advogados no Alabama.

Em uma petição alterada apresentada na noite de segunda-feira em Mobile, o fundador da Roc Nation afirma que sua acusadora “não parou” de fazer declarações sobre ele, mesmo após ela concordar, em fevereiro, em encerrar voluntariamente o processo por agressão sexual que o nomeou publicamente pela primeira vez no ano passado. Na versão revisada de sua denúncia, apresentada em 8 de dezembro, Doe acusou publicamente Jay-Z de tê-la estuprado ao lado de Sean Combs, também conhecido como Diddy, em uma festa pós-MTV Video Music Awards (VMAs), quando ela tinha apenas 13 anos.

Na nova petição, Jay-Z afirma que, já em 11 de abril, Jane Doe publicou no TikTok um vídeo dublando a seguinte frase: “Você não poderia me pagar um milhão de dólares para me fazer gravar um vídeo de desculpas, eu mantenho o que disse, foda-se você.”

“Ao se recusar a se desculpar e continuar a 'manter o que disse', apesar de todas as provas e até de suas próprias admissões em contrário, Doe continua a demonstrar um desrespeito chocante e imprudente pela verdade, que é tanto intencional quanto malicioso”, afirma a petição alterada de Jay-Z, obtida pela Rolling Stone. “Doe nunca teve nenhuma base razoável para sustentar qualquer verdade em suas declarações e agiu com total desprezo pela realidade”, segue o processo. “Em outras palavras, ela mentiu.”

Jay-Z, cujo nome verdadeiro é Shawn Carter, apresentou a nova ação depois que Jane Doe e seu advogado, Tony Buzbee, contestaram o processo inicial alegando que ele não demonstrou o “dano especial” necessário para prosseguir com a ação. Eles afirmaram que a alegação anterior de Carter — de que a Roc Nation perdeu um contrato de US$ 20 milhões — não era suficiente. (Buzbee e Doe também argumentaram que as alegações de Doe estavam protegidas pelo privilégio concedido a ações judiciais movidas de boa-fé.)

No processo atualizado, Carter afirma que os US$ 20 milhões representavam a “garantia mínima de pagamento” de um contrato não divulgado, e que o valor total do acordo “seria muitos milhões de dólares maior se o contrato tivesse sido cumprido.” Ele também alega que as acusações de Doe prejudicaram sua capacidade de fechar novos negócios.

“Como resultado do processo falso e de outras declarações públicas falsas feitas pelos réus contra o Sr. Carter, ele teve negada uma linha de crédito pessoal de US$ 55 milhões,” afirma a petição. Ela também alega que Roc Nation foi impedida de obter um empréstimo de US$ 115 milhões, e que Carter e a empresa são “inextricavelmente ligados”, de modo que o que acontece com um afeta o outro. (Segundo o processo, Carter detém 50% da Roc Nation.)

“O caso é infundado e deveria ser arquivado”, declarou Buzbee à Rolling Stone em comunicado enviado na terça, 6. Ele concentrou boa parte de sua indignação em uma nova acusação relacionada à suposta manipulação de páginas da Wikipédia.

Na petição alterada, Carter afirma que “Buzbee orientou seus funcionários a editar páginas da Wikipédia para melhorar sua imagem e prejudicar a reputação do Sr. Carter e Roc Nation”, violando as regras da plataforma. “Usuários com um endereço de IP diretamente vinculado ao escritório de Buzbee fizeram mais de 100 edições positivas na página da Wikipédia de Buzbee,” alega o documento.

“Essa é nova pra mim e extremamente fraca”, disse Buzbee sobre a acusação envolvendo a Wikipédia.

Carter processou Jane Doe diretamente em março, quatro meses após ter movido uma ação contra Buzbee e seu escritório de advocacia, sediado em Houston, em novembro. Em ambos os processos, Carter afirma que Buzbee sabia, ou deveria saber, que estava promovendo alegações falsas quando apresentou a versão revisada da ação de 8 de dezembro, acusando Carter de ser o famoso descrito inicialmente em uma ação movida contra Combs, em outubro. Carter alega que Buzbee enviou-lhe uma carta de cobrança em novembro tentando extorqui-lo antes de incluí-lo no processo contra Combs, após ele se recusar a aceitar um acordo confidencial.

O juiz do condado de Los Angeles, responsável pela ação de difamação movida por Carter na Califórnia, já realizou várias audiências sobre as tentativas de Buzbee de arquivar o caso por considerá-lo frívolo. Na segunda-feira, o juiz ordenou que os advogados de Carter apresentem a gravação de áudio, amplamente discutida, feita por investigadores particulares do lado de fora da casa de Doe, no Alabama, em 21 de fevereiro de 2025.

Rolling Stone obteve previamente um trecho da suposta conversa gravada na porta da casa de Jane Doe. No trecho, um dos investigadores pergunta se Doe estava dizendo que Carter esteve na festa pós-VMAs, mas “não teve nada a ver com nenhum ato sexual contra você.”

“Sim”, respondeu ela. O outro investigador perguntou se foi Buzbee quem sugeriu que Carter teve participação no suposto ataque. “Foi ele quem meio que me empurrou para seguir com isso, com o Jay-Z”, respondeu a mulher. Buzbee afirmou depois que sua cliente foi intimidada pelos investigadores e que suas declarações eram distorcidas por Carter. Seu advogado no caso da Califórnia, Samuel Moniz, disse ao tribunal no mês passado que as acusações de extorsão e difamação não têm mérito.

“Este é um homem poderoso e bem financiado tentando punir advogados por fazerem o que advogados fazem,” argumentou Moniz em audiência no dia 8 de abril. “Sr. Carter está obviamente muito irritado e determinado a usar seus recursos para enviar um recado a advogados e autores de ações em todo lugar. Qualquer interpretação justa deste caso revela que se trata de um ataque ao direito à liberdade de expressão e de petição. É um caso abusivo que merece ser encerrado.”

A próxima audiência do caso na Califórnia está marcada para 12 de junho.